quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Romance Romântico: Indianismo e Regionalismo

Por : Raul FlorêncioMariana Suttanni e Thiago Rodrigues



Indianismo

      A figura idealizada do índio nobre e corajoso, em comunhão com a natureza e amigo do colonizador, foi forjada por escritores brasileiros, no auge do romantismo idealista de meados do século XIX. Movimento literário que mobilizou o Brasil nas décadas de 1850 e 1860 e estendeu-se pela América Latina, o indianismo nasceu de um nacionalismo em busca de identidade própria e encontrou no índio seu herói mítico.


     O movimento caracterizou-se também por tentar diferenciar a língua literária brasileira, a partir da rejeição de normas gramaticais e literárias portuguesas. Proclamada a independência, o Brasil continuava a ser a mesma sociedade agrícola e escravocrata que importava desde produtos acabados até moda e cultura. No campo das idéias o modelo era a França, e o "nobre selvagem", de Jean-Jacques Rousseau teve influência na formação do indianismo. Elemento autóctone, que lutara contra o colonizador, o índio era o símbolo perfeito para a nacionalidade nascente, e podia ser glorificado sem risco de estimular rebeldias, pois além de já ter sido repelido para fora das áreas civilizadas, não ocupava posição significativa na produção econômica. Podia assim prestar-se à metáfora do romantismo ressentido e regressivo contra a realidade burguesa, que idolatrava o dinheiro e mostrava-se indiferente à sensibilidade romântica.


     Na Europa, o Romantismo foi buscar seu herói nos cavaleiros medievais. No Brasil, o herói cavaleiro não poderia existir, pois não houve Idade Média; os portugueses também não poderiam ser os heróis, pois o Brasil acabara de conquistar sua independência, mantendo, por essa razão, ressentimentos em relação aos portugueses; muito menos os negros, vindos da África, pois o pensamento da época não permitia isso. Restaram os índios, a população que habitava o país antes da conquista européia.

Alguns escritores Indianistas:

      Gonçalves Dias (1823-1864) foi o primeiro a abordar o indígena como um herói nacional. É importante ressaltar que o poeta sentia efetiva simpatia pelo tema indianista, também por ter sangue indígena correndo em suas veias e ter vivido parte da infância em contato com os índios. Essa mesma etnografia e pela língua tupi-guarani, percorrendo a Amazônia em missão de estudos e escrevendo um dicionário tupi. Ao contrário de José de Alencar, que olhava com simpatia o branco colonizador, Gonçalves Dias via o europeu como símbolo do terror e da exploração do índio. Algumas obras do autor são como exemplo, “I-Juca-Pirama”, “Deprecação’ e “Canto do piaga”.






     No romance indianista de José de Alencar (1829-1877), o índio é visto em três etapas diferentes: antes de ter contato com o branco, em “Ubirajara”; um branco convivendo no meio indígena, em “Iracema” e o índio no cotidiano do homem branco, em “O Guarani”. É dentro do estilo indianista do escritor José de Alencar que está sua obra mais importante: Iracema. Outra obra também considerada de grande valor literário é O Guarani, pois aborda os aspectos da formação nacional brasileira. 



Regionalismo

     O regionalismo tem uma tradição de quase 150 anos na literatura brasileira. Surgiu em meados do século 19, nas obras de José de Alencar, de Bernardo Guimarães, de Alfredo d'Escragnole Taunay e de Franklin Távora e pode-se dizer que há textos de cunho regionalista em nossa literatura até o final do século 20. Pode-se dizer que as obras do século 20 são os grandes textos do regionalismo no Brasil. Entretanto, para se chegar a expoentes como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Guimarães Rosa, o gênero percorreu um grande caminho, cujas raízes estão na época do romantismo, como foi o caso da obra de José de Alencar.


     Em primeiro lugar cabe esclarecer que, por regionalismo, entende-se a literatura que põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la, de maneira mais superficial ou mais profunda. Os primeiros autores do gênero não focalizavam propriamente uma região, no sentido geográfico, não visavam mostrar a vida no sertão do Nordeste, ou de São Paulo ou do Rio Grande do Sul.

      Os autores dos romances regionalistas começaram as suas carreiras publicando suas obras primeiramente na forma de folhetins. Conforme o interesse do público crescia, eles juntavam os capítulos e os organizam em um livro, acrescentando a ele somente a sua origem. A maior parte dos romances publicados em língua portuguesa tinha suas origens vindas de Portugal, mas os autores brasileiros contribuíram para a criação de obras com as suas próprias características.


     Os romances regionalistas eram geralmente dedicados aos moradores de classe média dos centros urbanos, como o Rio de Janeiro. Alguns romances tinham trechos que ajudavam os leitores a compreender por que o brasileiro rural não tinha gosto para os romances românticos, já que viviam distantes das influências européias e não viam o conhecimento como algo precioso e necessário, mas como algo perigoso. Além disso, muitos deles associavam os livros a má influencia que estes poderiam ter sobre as moças de família.


      Nos romances regionalistas, o território nacional era apresentado de forma idealizada. Os autores tentavam criar uma imagem grandiosa do Brasil através dos cenários que apareciam nesse tipo de narrativa. A partir das características geográficas brasileiras, conseguimos perceber a imensidão dos pampas gaúchos, os aspectos exóticos do interior de Minas Gerais e a natureza única do sertão nordestino.



Alguns escritores regionalistas:

   Franklin Távora (1842-1888) foi um grande defensor do regionalismo, acreditava na visão separatista das culturas brasileiras (norte e sul). Desse modo, dava importância à necessidade do conhecimento das diferentes regiões para escrever sobre elas. Por conta disso, criticava a produção de Alencar, que, segundo ele, abordava o Brasil como um todo e, portanto não era digno de imprimir um caráter nacional. A maioria de suas obras se passavam em Pernambuco durante o século XVIII e revelavam elementos desconhecidos sobre o norte.“Proclamo uma verdade irrecusável. Norte e sul são irmãos, mas são dois. Cada um há de ter uma literatura sua, porque o gênio de um não se confunde com o de outro.”




   Visconde de Taunay (1843-1899) é reconhecido como o mais equilibrado dos românticos regionalistas pelo seu senso de observação e análise e grande conhecimento das terras brasileiras. Desse modo, não dá grande importância aos sentimentos, sendo o mais realista possível. Em suas obras se caracteriza pela presença do falar colonial, o que as torna naturais e populares. Por ser tradicional, dá muito valor à honra e outros valores europeus.“Quando o sertanejo vai ficando velho, quando sente os membros cansados e entorpecidos, os olhos já enevoados pela idade, os braços frouxos para manejar a machadinha que lhe da o substancial palmito ou o saboroso mel de abelhas, procura então quem o queira para esposa, alguma viúva ou parente chegada, forma casa e escola, e prepara os filhos e enteados para a vida aventureira e livre que tantos gozos lhe deram outrora.” - trecho de Inocência.



Conclusão:

     Tanto o indianismo e o regionalismo foram importantes para a literatura brasileira: enquanto no indianismo construía a imagem do herói e desenvolvia a imagem do Brasil, o regionalismo demonstra a vida das pessoas de diversas regiões do País.






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